“Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.” (Dt 6.4) Lei e os Evangelhos pertencem respectivamente ao Antigo e ao Novo Testamento. São livros sagrados de origem divina que integram o cânon das Escrituras. Possuem igual autoridade como regra de fé e prática, porém, com funções distintas. Os preceitos e as narrativas da Lei têm aplicações nos Evangelhos. A função da Lei era transitória; ela revela o pecado, mas também aponta o plano da salvação em Cristo (Gl 3.24,25).
Gál 3:24 De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que, pela fé, fôssemos justificados.
Gál 3:25 Mas, depois que a fé veio, já não estamos debaixo de aio.
Significa que a Lei não salva, mas esboça o plano da redenção em
Cristo confirmado nos Evangelhos. A obra expiatória do Senhor Jesus nos libertou da condenação da Lei (Gl 3.10-13).
Gál 3:10 Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.
Gál 3:11 E é evidente que, pela lei, ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé.
Gál 3:12 Ora, a lei não é da fé, mas o homem que fizer estas coisas por elas viverá.
Gál 3:13 Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro;
Nesse sentido, todo o sistema mosaico foi abolido. Nos Evangelhos, as boas-novas dessa salvação estão reveladas. Em suma, as obras da Lei não justificam, mas pela graça somos salvos, por meio do arrependimento e da fé em Jesus Cristo. Neste capítulo,
estudaremos a relação entre o Pentateuco e a mensagem de Cristo.
Pentateuco é uma palavra que deriva de dois termos gregos, penta
(cinco) e teuchos (estojo para o rolo de papiro). A junção desses termos tradicionalmente significa “cinco volumes”. Stanley Ellisen informa que “os livros antigos eram escritos em rolos, geralmente de nove metros de comprimento, mais ou menos o tamanho necessário para acomodar de Gênesis até Deuteronômio”.1 Portanto, a expressão “pentateuco” corresponde ao conjunto formado pelos cinco primeiros livros do Antigo Testamento. O título desses livros corresponde à primeira palavra do texto
hebraico, e na língua portuguesa obedece à tradução do grego da Septuaginta: Gênesis (“começo”), versão do hebraico bereshit (“no princípio”); Êxodo (“saída”), versão do hebraico Shemôt (“os nomes de”); Levítico (“aquilo que é dos levitas”), versão do hebraico wayyiqrã (“E Ele chamou”); Números (“aritmética, números, estatística”) versão do hebraico “Bemidbãr” (“no deserto de”); Deuteronômio (“segunda promulgação da lei”), versão do hebraico “Debãrim” (“palavras”).
No texto hebraico, e pelos judeus ainda hoje, esses volumes são denominados de “Torá” com o sentido de “instrução, ensino, direção e orientação". A Torá assume o significado genérico de “livro da lei”,com abrangência de todas as normas (Dt 4.44; 17.18; 31.9) e está associado ao nome de Moisés (Js 8.31,32; 23.6; 2 Rs 14.6).
Deu 4:44 Esta é, pois, a lei que Moisés propôs aos filhos de Israel.
Deu 31:9 E Moisés escreveu esta Lei, e a deu aos sacerdotes, filhos de Levi, que levavam a arca do concerto do SENHOR, e a todos os anciãos de Israel.
Jos 8:30 Então, Josué edificou um altar ao SENHOR, Deus de Israel, no monte de Ebal,
Jos 8:31 como Moisés, servo do SENHOR, ordenou aos filhos de Israel, conforme o que está escrito no livro da Lei de Moisés, a saber, um altar de pedras inteiras sobre o qual se não movera ferro; e ofereceram sobre ele holocaustos ao SENHOR e sacrificaram sacrifícios pacíficos.
Jos 8:32 Também escreveu ali em pedras uma cópia da lei de Moisés, que já tinha escrito diante dos filhos de Israel.
2Rs 14:6 Porém os filhos dos matadores não matou, como está escrito no livro da Lei de Moisés, no qual o SENHOR deu ordem, dizendo: Não matarão os pais por causa dos filhos, e os filhos não matarão por causa dos pais; mas cada um será morto pelo seu pecado.
O historiador judeu do século I Flávio Josefo menciona, centenas de vezes, Moisés como o autor do livro de Gênesis. Dentre elas, cita-se: “Moisés fala ainda mais particularmente da criação do homem [...]”, “Moisés narra em seguida como Deus plantou do lado do oriente um jardim muito delicioso [...]”
Quanto aos outros livros do Pentateuco, Josefo relata: “Assim falou Moisés a todos os israelitas e deu-lhes um livro, no qual estavam escritas as leis e a maneira de viver que deveriam observar”.4 E, no comentário de Deuteronômio 22, Josefo escreve:
"Essas foram as leis que Moisés deixou à nossa nação. Ele deu também as que havia escrito quarenta anos antes, das quais falar se- á em outro lugar”.
Nas páginas da Bíblia Sagrada, a totalidade do Pentateuco é identificada como: a “Lei” (Êx 24.12; Mt 5.17); o “livro de Moisés” (Mc 12.26); a “Lei de Moisés” (Js 8.31,32; Lc 2.22; At 13.39); a “Lei de Deus” (Ne 8.8; Rm 7.22); a “Lei do Senhor” (Ne 10.29) ou simplesmente “Moisés” (Lc 24.27); e a todo o Antigo Testamento como “Moisés e os profetas” (Lc 16.29). Por fim, o próprio Senhor Jesus ratificou a autoria do Pentateuco quando disse: “convinha que
se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos” (Lc 24.44).
Rom 7:12 Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom.
Rom 7:13 Acaso o bom se me tornou em morte? De modo nenhum! Pelo contrário, o pecado, para revelar-se como pecado, por meio de uma coisa boa, causou-me a morte, a fim de que, pelo mandamento, se mostrasse sobremaneira maligno.
Lembramos que Paulo no capítulo 7 está chamando o estado da pessoa irregenerada e sujeita a lei do AT, mais consciente da sua incapacidade de viver uma vida agradável a Deus. Rom 7:1 Porventura, ignorais, irmãos (pois falo aos que conhecem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem toda a sua vida?
Ele descreve uma pessoa lutando sozinha contra o poder do pecado e demonstrando que não poderemos alcançar a justificação, a Santidade, a bondade e a separação do mal mediante o nosso próprio esforço para resistir ao pecado e guardar a lei de Deus.
O conflito do cristão, por outro lado é bem diferente : é um conflito entre uma pessoa unida a Cristo pelo Espírito Santo de um lado, contra o poder do pecado de outro lado Gál 5:16 Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne.
Gál 5:17 Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer.
Gál 5:18 Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei.
Rom 10:4 Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê.
Rom 6:14 Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça.
Diante desse fato, Paulo, mediante a Graça De Deus, o cristão não precisa preocupar-se para resistir. Refutando essa ideia o apóstolo explica que cada crente deve continuamente reafirmar e implementar a sua decisão de resistir ao pecado e seguir a Cristo.
e continuar se apresentar como servos de Deus e da justiça tendo como resultado a Santificação e a vida eterna
Rom 6:20 Porque, quando éreis escravos do pecado, estáveis isentos em relação à justiça.
Rom 6:21 Naquele tempo, que resultados colhestes? Somente as coisas de que, agora, vos envergonhais; porque o fim delas é morte.
Rom 6:22 Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna;
Rom 6:23 porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.
1Jo 3:6 Todo aquele que permanece nele não vive pecando; toda pessoa que continua no pecado não o viu, nem tampouco o conheceu.
Donald Hagner destaca que “a lei era apenas um estágio antecipatório dos bens futuros, não possuía em si mesma significado duradouro, ou final”.12 Martinho Lutero ensinou que “a função primária da lei de Moisés consistia em fazer com que as pessoas se sentissem culpadas, para que reconhecessem sua pecaminosidade e aceitassem que mereciam a ira de Deus”.13 O
apóstolo Paulo assevera que a Lei era uma medida temporária, ela foi dada para revelar e punir o pecado, e assim demonstrar a necessidade da graça (Gl 3.19).
Gál 3:19 Logo, para que é a lei? Foi ordenada por causa das transgressões, até que viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido feita, e foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro.
Gál 3:20 Ora, o medianeiro não o é de um só, mas Deus é um.
II – OS EVANGELHOS: A MENSAGEM DE CRISTO
Gál 1:8 Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.
Há somente um evangelho, apresentado de quatro maneiras.
É indispensável lembrar que os Evangelhos não têm o propósito de fornecer um diário detalhado com o registro de todas as ações e ensinos de Jesus.
O evangelista João afirmou que havia “muitas outras coisas que Jesus fez; e, se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem”
(Jo 21.25), reiterou que muitos sinais de que Jesus fez não estavam
escritos no seu Evangelho (Jo 20.30), mas que os que estavam registrados serviam para despertar a fé: “para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo 20.31). O Guia Cristão de Leitura da Bíblia ratifica que os Evangelhos “não são biografias de Jesus e não nos fornecem todas as informações que poderíamos desejar ter. Entretanto, contêm tudo que precisamos saber a fim de compreender a relevância de Jesus e do que Ele fez por nós”
Luc 17:21 Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque eis que o Reino de Deus está entre vós.
Jesus vai nos dizer que a natureza atual do reino de Deus é espiritual,e não material, nem política. O Reino de Deus não vem com aparência exterior Luc 17:20 E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o Reino de Deus, respondeu-lhes e disse: O Reino de Deus não vem com aparência exterior.
não vem como poder político terrestre pelo contrário está dentro dos corações do crente, no meio deles e consiste em justiça, e paz e alegria do Espírito Santo
Rom 14:17 Porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.
Ele se manifesta, ao vencermos, pelo poder do Espírito Santo, o poder do pecado, da enfermidade e de Satanás, e não pela conquista de reis e nações.
Quando Jesus vier novamente a esse mundo, o Reino será visto com todo o seu poder e glória quando ele triunfar sobre reis de nações
Apo 11:15 E tocou o sétimo anjo a trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre.
Apo 11:16 E os vinte e quatro anciãos, que estão assentados em seu trono, diante de Deus, prostraram-se sobre seu rosto e adoraram a Deus,
Apo 11:17 dizendo: Graças te damos, Senhor, Deus Todo-poderoso, que és, e que eras, e que hás de vir, que tomaste o teu grande poder e reinaste.
Apo 11:18 E iraram-se as nações, e veio a tua ira, e o tempo dos mortos, para que sejam julgados, e o tempo de dares o galardão aos profetas, teus servos, e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a terra.
João Batista, o precursor de Jesus, já exortava o povo ao arrependimento em vista do Reino de Deus que chegava (Mt 3.2; Mc 1.4; Lc 3.3). O Senhor Jesus, durante o seu ministério, constantemente alertava a seus ouvintes acerca da necessidade do
arrependimento (Mt 9.13; 11.21; 21.32; Mc 6.12; Lc 13.3,5; 15.7). Robert Mounce elucida que, “para participar do Reino de Deus, o arrepender-se não era apenas sentir tristeza por causa de alguma coisa, mas envolvia uma real mudança de direção”.22 No seu Evangelho, João usa a expressão “Reino de Deus” (Jo 3.3,5). Em seus registros, o evangelista esclarece que o Reino de Deus não é deste mundo (Jo 18.36). Cristo ensinou que a natureza desse Reino não é terrena. Esse Reino está estabelecido no interior das pessoas (Lc 16.20,21).
Joã 6:47 Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna.
Joã 6:40 Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: que todo aquele que vê o Filho e crê nele tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último Dia.
III – UMA MENSAGEM TRANSFORMADORA
O caráter é definido como “a maneira própria de cada pessoa agir e expressar-se”. Nicola Abbagnano define o caráter como “o modo de ser ou de comportar-se habitual e constante de uma pessoa, na medida que individualiza e distingue a mesma pessoa''.
O caráter é a marca distintiva de cada pessoa que regula a sua forma de pensar, de sentir, de desejar, de proceder e reagir de forma habitual. Em vista disso, a pessoa dotada de um caráter firme mantém sua postura, persegue o mesmo ideal e não se move facilmente de seus princípios. De outro lado, a pessoa de um caráter volúvel frequentemente oscila na forma de agir, sua postura muda de acordo com as circunstâncias. Essa atitude demonstra a fraqueza e a hipocrisia de um caráter mal formado.
Antonio Gilberto pondera que “o caráter é um componente da personalidade. É adquirido e não herdado. Resulta da adaptação progressiva do temperamento às condições do meio-ambiente: o lar,
a escola, a igreja, a comunidade e o estado socioeconômico”.
Portanto, o caráter pode ser forjado, mudado e transformado.
Na Lei de Moisés, o Decálogo, ou os Dez Mandamentos, apresenta as orientações básicas para o modo de viver e agir dos israelitas (Êx 20.1-17). Os três primeiros mandamentos dizem respeito à teologia e os demais se referem a ética.27 A ética são os fundamentos da moral. A ética e a moral referem-se ao conjunto de costumes, valores e obrigações adotados em uma sociedade. Os princípios éticos e morais do Decálogo também são aplicados nos Evangelhos (Mc 10.19), exceto a guarda do sábado (Mt 12.2-4). Contudo, a mera observância de códigos não pode salvar a ninguém (Lc 18.18-24).
Luc 18:18 E perguntou-lhe um certo príncipe, dizendo: Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?
Luc 18:19 Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom, senão um, que é Deus.
Luc 18:20 Sabes os mandamentos: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe.
Luc 18:21 E disse ele: Todas essas coisas tenho observado desde a minha mocidade.
Luc 18:22 E, quando Jesus ouviu isso, disse-lhe: Ainda te falta uma coisa: vende tudo quanto tens, reparte- o pelos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me.
Luc 18:23 Mas, ouvindo ele isso, ficou muito triste, porque era muito rico.
Luc 18:24 E, vendo Jesus que ele ficara muito triste, disse: Quão dificilmente entrarão no Reino de Deus os que têm riquezas!
Somente a graça divina é capaz de transformar o caráter humano.
A mudança de caráter implica mudança de comportamento.
A Constituição Federal do Brasil prescreve que “para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”.28 Assim, o conceito constitucional de família tem sua base compreensiva nas relações monogâmicas e heterossexuais.
No livro de Gênesis, Deus instituiu a família com princípios reguladores da monogamia e da heterossexualidade (Gn 1.27; 2.24). Porém, desde cedo, parte dos homens negligenciaram essa ordenança divina. Lameque instituiu a poligamia (Gn 4.19). As cidades de Sodoma e Gomorra praticavam promiscuidade sexual,incluindo a homossexualidade, e, por isso, foram destruídas para servir de exemplo aos que vivem de modo desordenado (Gn19.24; 2 Pe 2.6).
2Pe 2:6 e condenou à subversão as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinza e pondo- as para exemplo aos que vivessem impiamente;
Mat 5:13 Vós sois o sal da terra; e, se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens.
Mat 5:14 Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;